Se a morte é inevitável, porque temos medo de encará-la?
Poucos temas despertam em nós tanto pavor como o medo da morte. Não fomos educados para lidar com ela. A sociedade ocidental não tem uma compreensão da morte, sendo assim, as pessoas preferem negá-la. Não queremos pensar sobre ela. Fugimos tanto dela que gostaríamos muito de enganá-la ou ludibriá-la evitando o nosso encontro marcado com ela.
A pergunta é: ”Porque temos tanto medo da morte?”
Quanto mais adiamos esse encontro, maior é o nosso medo e insegurança. A única certeza que temos é a incerteza. Sabemos que morreremos um dia, mas é incerto quando e onde essa hora vai chegar.
Na nossa mente, as mudanças estão sempre associadas à perda e ao sofrimento. Queremos ficar onde estávamos, sem grandes alterações apegados ao que conhecemos. O nosso maior problema é o apego às pessoas, as situações e as coisas. A morte é um estranho que chega à festa sem ser convidada e muda o roteiro das coisas sem a nossa permissão.
Concluímos que a permanência das coisas garante a segurança e a impermanência, não. Queremos desesperadamente que tudo continue exatamente como é. Isto nos faz acreditar que temos o domínio e o controle da situação. Mas, isso faz parte de um mundo ilusório na qual sustentamos. Um faz- de-conta.
De fato, a impermanência é a única coisa que permanece. Lidar com essa falta de controle com freqüência é tudo que temos. Tudo está sempre mudando: as estações do ano, o clima, as horas do dia, as células do nosso corpo, nossas emoções e sentimentos.
Lidar com o imprevisível desafia nossa capacidade. Desejamos estar em uma zona de conforto para não termos que nos confrontar com aquilo que desconhecemos. Nada e nem ninguém tem esse caráter duradouro. É assim que a vida é. Essa é a verdade.
Refletir sobre a morte nos traz a possibilidade abrangente de nos reconectar com a vida de maneira mais simples e compassiva valorizando momentos afetivos com nossos entes queridos, olhar para o próximo com humildade, saber que estamos em um grande elo experimentando provas, lições e aprendizados em favor de uma evolução espiritual maior.
“Percebi que há coisas que cada pessoa foi enviada a Terra para realizar e aprender. Por exemplo, partilhar mais amor, ser mais amorosa com os outros. Descobrir que o mais importante é o relacionamento e o amor, e não as coisas da matéria. E entender que cada pequena coisa que se faz na vida é registrada, e mesmo que você passe por ela sem pensar na ocasião, ela sempre vem à tona mais tarde”
Kenneth Ring – Rumo ao Ponto Ômega
Um abraço fraternal a todos,
Rosemeire Trindade Menoita
Psicóloga Clínica