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Desencadeando emoções: Ansiedade

Quando jovem (isso se trata de uns vinte cinco anos atrás) ia trabalhar no centro de São Paulo, na região da Estação do metrô São Bento, com o vigor e disposição condizente com a pouca idade. Observava o vai e vem, a quantidade e fluxo de pessoas (quase um formigueiro) como uma engrenagem da qual gostava de fazer parte. Afinal, estava em um momento de crescimento profissional e “quase tudo” era justificado.

Passei anos trabalhando longe de casa e acreditava ser um processo normal e natural. Todos fazem isso, porque não eu?

Graças a Deus, hoje tenho a possibilidade de trabalhar em algo que amo e que me aproxima das pessoas e o mais legal trabalho bem próximo de casa.

Mas, o que tudo isso tem haver com o tema principal de nossa conversa?

Pois bem...venho observando no consultório um índice cada vez maior de quadros de transtorno de ansiedade (ansiedade generalizada, síndrome do pânico, fobias, etc).

 

O movimento frenético do mundo nos acelerando para uma obrigatoriedade em termos um mesmo ritmo coletivo nos faz sucumbir a um processo que beira a loucura!

 

Um verdadeiro terrorismo emocional! Dia desses fui pegar o metrô e fiquei assustada com o que vi e senti! Milhares de pessoas indo na mesma direção, no mesmo ritmo de passada, sem um olhar amigável, todos cabisbaixos em seus celulares de última geração e com muita pressa...não sei exatamente para onde iam com tanta pressa...quase fui atropelada...rsrs. Fiquei me perguntando: “O que fizeram de nós ou o que estamos fazendo conosco, pobres mortais...

Vivemos em um mundo que não encara com simpatia o ato de parar. Parece que ficar parado sugere ser um contra-senso ou uma afronta a esse mundo! As vozes da sociedade insistem em nos dizer: “Vá em frente, não pare” ou ainda mensagens do tipo: “Quanto mais rápido, melhor”, “Não fazer nada= preguiça ou indolência, “Trabalho em primeiro lugar, o resto vem depois” e tantas outras.

 

"A humanidade baseada nesses valores errôneos e parciais está adoecendo!

 

Queremos dar conta de tudo, em um ritmo alucinante e sobre-humano, que nos sobrecarregamos e esquecemos do nosso processo, do nosso ritmo, das nossas necessidades pessoais, de dar um espaço para as nossas relações, de valorizar o essencial, de parar quando é preciso e necessário parar. De dar pausas...às vezes breves...e às vezes longas...

Precisamos nos libertar da imposição das mensagens que nossa cultura e sociedade nos transmitem: circunstâncias padronizadas para pessoas específicas e únicas. “O que é bom para mim, pode ser ruim para você e vice- versa”.

Nesse movimento extenuante e nervoso nos deixamos de lado. A conseqüência disso aparece em nosso corpo através dos sintomas físicos e emocionais. Os sintomas mais comuns são: dores de cabeça, tremores, taquicardia, insônia, vertigens, sudorese, sensação eminente de morte, falta de ar, etc.

Corremos tanto atrás de “status” que acabamos com o nosso bem maior: “Nós mesmos”. Nos desrespeitamos, a ponto de não saber mais quem somos ou o que queremos.

Esse processo por si só nos faz parar! A vida através das doenças, das crises, dos acidentes, dos lutos e das separações nos oportuniza possibilidades que de outra forma, não olharíamos. Às vezes, precisamos ser parados para despertar para aquilo que tem significado para cada um de nós!

Parar também pode ser uma benção! Um momento para refletir, para repensar e reavaliar como estamos conduzindo nossa energia vital. Qual é o rumo que ela efetivamente está tomando e se é do meu agrado continuar dessa forma na vida.

A própria palavra ansiedade, no Latim antigo “anguere” que significa apertar, estreitar. No Egito antigo, a palavra Ankn era dado ao símbolo do sopro da vida, que tinha origem na primeira tomada de ar de um bebê na hora do nascimento. Na raiz mais remota, a ansiedade está relacionada à respiração ou a falta dela.

Diante disso, percebe-se que a ansiedade é um ato de nos amoldar a limites estreitos; adaptar-se ao que os outros esperam de nós. Temos que buscar nesse momento ajuda profissional. Dependendo da gravidade da situação precisamos da ajuda do psicólogo (psicoterapia) em conjunto com o psiquiatra (ação medicamentosa).

Não subestime esse quadro, pois a negação só faz piorar a situação. Os sintomas tendem a se agravar se não houver uma assistência devida. E lembre-se nenhuma situação se instala à toa na nossa vida. A ansiedade vem para te informar sobre sua auto-descoberta, descobrir seu ritmo e velocidade pessoal, suas prioridades, sua sabedoria e sua alegria que foram postergadas pelo meio social e sua adaptação a ela.

Despertar para esses simbolismos faz com que tenhamos uma nova visão de vida e de mundo.

Um abraço,

Rosemeire Trindade Menoita

Psicóloga Clinica

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